Num país muito polarizado politicamente como é o Brasil, existe um forte embate entre opiniões favoráveis e opiniões contrárias ao ato de se privatizar uma empresa controlada pelo Governo. Especialistas em Economia também divergem bastante no assunto: enquanto os que defendem as privatizações alegam que sua realização promove o crescimento exponencial das empresas, os que são contrários a ela afirmam que os problemas sociais causados pela mesma podem ser irreversíveis.
Para entender os argumentos de cada um desses lados, é necessário que haja um debate sobre o lado positivo e negativo de futuras privatizações em instituições públicas do Brasil. Geralmente as pessoas se dizem ‘a favor’ ou ‘contra’ alguma medida mas sem saber exatamente o porquê de sua decisão, mas com as explicações de especialistas no assunto, este problema poderá ser resolvido. A seguir, seguirão argumentos de dois especialistas no assunto ‘privatização’ e sobre as vantagens ou desvantagens de sua implementação no contexto atual do país.
Formado em Economia na IBMEC e especialista em Análise Fundamentalista e Valuation, Matheus Calliman, 24, é à favor das privatizações e defende que ela reduzirá firmemente os problemas econômicos que assolam o Brasil. Primeiramente, ele diz que quando uma empresa possui um dono, a eficiência dos investimentos internos é aumentada, pois o dinheiro gasto provém de uma pessoa que sofrerá perdas ou receberá ganhos dependendo do sucesso ou fracasso desse investimento. Segundo ele, em uma empresa pública, o responsável por um erro não será tão prejudicado, pois ele não terá prejuízos no seu próprio capital. No caso, quem terá que arcar com o prejuízo da empresa estatal é o Tesouro Nacional, o que afeta diretamente a economia do país. Já em uma empresa privada, o único prejudicado é o dono dela.
Além disso, Matheus afirma que por não ter o intuito de lucrar e não precisar se destacar perante empresas privadas, por não haver essa concorrência, a empresa estatal sempre agirá de forma medíocre e não buscará evoluir, pois ela não precisaria fazer isso para continuar tendo clientes, fato esse que não ocorreria num cenário de competição entre empresas privadas. Dessa forma, o público consumidor não possui liberdade de escolha e tem de se contentar com um serviço mal feito.
No outro lado da moeda está Gabriel Fayad, 23, que além de ser Assessor de Investimentos na XP, também é formado em Economia na IBMEC, mas se distingue de Matheus por ser contrário à privatizações no atual momento em que o Brasil se encontra. Já no início da entrevista, ele rebateu o argumento de Matheus que dizia que o fato de não ter a necessidade de lucrar era algo negativo:
- No Brasil, você pode observar diversas empresas que causaram tragédias por causa da eterna obsessão pelo lucro. A Vale, por exemplo, causou diversos desastres ambientais devido à sua negligência de priorizar o faturamento em detrimento do dever de proceder com segurança em suas obras. Em uma empresa estatal, isso jamais aconteceria - completa o Economista.
Todavia, Gabriel acredita que em alguns momentos, a privatização pode ser frutífera, mas alerta que isso jamais deve ser feito em setores essenciais para a população, como saúde e saneamento, por exemplo. Ele afirma que, se isso acontecer, há a chance de que milhares de pessoas sejam abdicadas de usufruir de direitos básicos listados na Constituição, e que é melhor que elas tenham esses serviços em um nível mediano do que corram o risco de viver sem eles.
Se privatizar é uma solução salvadora ou não, é impossível prever na teoria. Em certos casos ela funcionou e em outros não. O que resta à população é cobrar do Governo que as estatais que existem atualmente ajam de forma transparente e supram as necessidades de todos.
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