A desestatização dos Correios significa, para muitos, um avanço e para outros tantos, um retrocesso. O tema divide opiniões, mas é considerado, também, pauta importante para a economia e a sociedade, dois setores que seriam diretamente afetados. Na visão do economista Pedro Souza, a privatização dos Correios pode ser bastante proveitosa economicamente falando. “A empresa tem um potencial gigantesco de crescimento, mas o investimento não acompanha essa lógica. Se privatizada, a logística de entregas pode se tornar muito mais efetiva.”
A arquiteta de formação e comerciante de atuação Yasmine mora em Juiz de Fora, Minas Gerais, e utiliza com frequência os serviços dos Correios para entrega de seus produtos para suas clientes. Ela garante que, assim que sua empresa se estruturar de forma mais sólida, ela pretende investir em um serviço de entrega próprio. “Ainda é uma realidade distante para mim, mas assim que eu puder, vou começar a internalizar o processo de entrega dos meus acessórios para minhas consumidoras. Depender dos Correios para mim é muito complicado, porque acho o serviço ineficiente, muito demorado, os funcionários estão sempre mal-humorados e realizam suas funções com má vontade. É uma questão grande pra mim...”. Yasmine garante que é a favor da privatização dos Correios por acreditar que a eficiência e o serviço tenham muito potencial de melhora, se conseguissem um investimento maior e mais consistente.
Existem também aqueles que acreditam que a privatização da empresa seria um enorme prejuízo para a economia do Brasil, considerando que os Correios empregam quase 100 mil funcionários. A desestatização funcionaria como um enorme agravamento de uma crise econômica que o Brasil já está vivendo fortemente. Pedro afirma que, apesar de uma possível precarização do trabalho, que viria a ser ocasionada pelo aumento de terceirizações de funcionários por conta da privatização, existem planejamentos para que os funcionários fiquem em seus cargos e que, no futuro, a renda gerada pela empresa poderia circular. “Com a geração de riquezas que a privatização causaria, seria possível empregar, mesmo que em outros campos, os funcionários que fossem desligados e, com mais dinheiro circulando, aquela economia volta a girar, de certa forma”.
Para quem ainda escreve cartas, a desestatização dos Correios gera preocupação, por não demonstrar estabilidade sobre o assunto. Paira no ar a incerteza sobre uma possível ameaça aos leitores e escritores de cartas escritas à mão.
Apesar de incerto, o projeto de privatização dos Correios existe e, motivado pelo lucro do último ano, que chegou a R$1,9 bilhão, foi adiado para 2022. O que se espera da privatização da empresa é que os serviços prestados melhorem, que a renda gerada cresça e que a eficiência de entregas seja mantida.
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