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Especialistas afirmam que leilão do 5G não garante democratização digital

Foto do escritor: Carolina FernandesCarolina Fernandes

Atualizado: 13 de dez. de 2021

Evento foi o maior leilão de radiofrequências da América Latina, arrecadando 47,2 bilhões de reais.

Para diretor do Sinttel Rio, Marcelo Miranda, modelo de leilão do 5G não garante fim da desigualdade digital. Foto: Agência Brasil

O maior leilão já realizado no setor de telecomunicações em todo mundo, o leilão das redes 5G no Brasil, aconteceu na primeira semana de novembro e já apresenta contradições. O diretor do sindicato de trabalhadores de telecomunicações do Rio de Janeiro (Sinttel Rio) e presidente do instituto Telecom, Marcelo Miranda, comentou que este novo modelo não garante o fim da desigualdade digital:


- O 5G é importante e estratégico, mas não da forma como querem implantar no Brasil. O Brasil, com o 3G e o 4G, manteve uma grande desigualdade e exclusão digital. Um gap. Essas pessoas serão incluídas no mundo digital com o 5G? A pandemia foi um momento que demonstrou esse abismo e o 5G poderá agravar essa exclusão. Devido ao modelo de leilão escolhido, essa tecnologia vai ficar muito distante da população.


O evento que arrecadou R$ 47,2 bilhões prometeu a elevação de dois pontos percentuais do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil nos próximos anos. Assim como velocidade na transferência de dados pelo menos vinte vezes maior que a do 4G, utilizada atualmente, e a otimização de respostas e conexões, para acelerar o uso de diversos equipamentos em indústrias brasileiras.


Embora o sucesso, a nova conexão não pretende estreitar os laços no país. O maior objetivo desta nova tecnologia são as empresas focadas em telemedicina e no agronegócio. Este processo pode ser comparado com o de privatização do setor, que ocorreu na década de 90. Eram prometidas a redução de tarifas, o investimento na qualidade dos serviços, redução das dívidas públicas e ampliação do alcance dos serviços. Miranda ressalta que aqueles que defendiam a privatização, na época, afirmavam que a melhor forma de universalizar o serviço seria aumentando a competição:


- O argumento era que a competição era o melhor caminho, entretanto, não há evidências de que esse movimento causa a universalização. Houve uma mudança de tecnologia muito forte, que fez com que o modelo de privatização desse a impressão de ser um sucesso. Mas, foi evidenciado, em outros países, que somente com a participação do Estado que foi possível alcançar a universalização.


A expectativa é de que o valor arrematado seja destinado para a construção de uma rede privativa para o governo federal, conectividade em estradas, pagamentos ao tesouro e investimentos obrigatórios. Com o lançamento da cobertura nas principais capitais previsto para julho de 2022, este acesso permanecerá restrito à poucos consumidores.


Apesar disso, o leilão do 5G foi elogiado por seu estímulo ao investimento e pelo número de interessados. Ao mesmo tempo, a maioria das promessas de revolução poderão demorar anos para se concretizarem. O Ex-deputado Estadual Gilberto Palmares ressalta que o sucesso do leilão pode ser questionado, já que diversas regiões do país foram postas à margem:


- Em entrevista, o Ministro das Comunicações Fabio Faria comemorou o sucesso do leilão. Mas não houve interessados para a região norte, a mais pobre do país, repetindo o padrão do processo de privatização, em que as áreas menos afortunadas são ignoradas. E mesmo nas capitais, há bairros que ficarão para depois. Temos que lutar para que a internet chegue aos mais pobres.


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